O CALOTEIRO
Magno era um caloteiro de carteirinha: não pagava suas contas; devia para Deus e o mundo, não sabia o que é tributo nem carga tributária. Vivia de aplicar pequenos golpes em viúvas inocentes de sua comunidade, oferecendo ajuda, prometendo mundos e fundos, dizendo-se homem rico, instalando-se em suas residências e dando a limpa em móveis e pertences após alguns meses de “relacionamento”.
Vivia em uma comunidade pobre do interior do Rio de Janeiro. Cresceu nas ruas, embaixo de viadutos, não sabia quem era sua mãe nem tampouco seu pai. O que era Estado pra ele? Nada! Virava-se como podia, cometendo pequenos furtos e aplicando todo tipo de golpe.
Aos 18 anos foi preso pela primeira vez em um mercadinho da região, tentando assaltar o caixa, apontando um canivete daqueles bem pontiagudos para Dona Eulinda, uma senhora assustada, mãe de dois filhos, que já trabalhava ali há anos e era conhecida de todos.
Na penitenciária, tornou-se PHD em trambique. Alguns anos depois foi solto. Pego cometendo estelionato foi novamente preso e entrou para a Igreja Evangélica, tornando-se pastor. Parecia ter-se endireitado na vida, mas a tentação foi maior e o pegaram roubando de novo, sendo preso de novo, indo parar na penitenciária de novo. Recebia visitas íntimas de suas duas namoradas, ambas mulheres frequentadoras da Igreja da qual fez parte e que pensavam que com amor e carinho podiam curá-lo do inferno. Era habitué do sistema prisional, já havia cumprido todo o tipo de pena e , mesmo sem jamais pagar um tributo na vida, “usufruiu” muito mais do Poder Público, mediante a mobilização da Polícia, Poder Judiciário e Sistema Prisional, que qualquer homem honesto da sociedade.